Consideremos, em primeiro lugar, o grande
amor que São José teve por Jesus Cristo. Já que Deus destinou o Santo para ser
pai adotivo do Verbo humanado, com certeza infundiu no seu coração um amor de
pai de um filho tão amável que, ao mesmo tempo, era Deus. “O amor de José não
foi, portanto, um amor puramente humano, como o dos outros pais, mas um amor
sobre-humano, visto que na mesma pessoa via seu Filho e seu Deus”.
Pela revelação divina recebida por meio
de um Anjo do Senhor em sonho, São José sabia que o Menino Jesus, que via
continuamente em sua companhia, era o Verbo divino, feito homem por amor a nós,
por toda a humanidade, mas especialmente por ele. José sabia que o próprio
Verbo o havia escolhido entre todos os homens para ser o guardião de Sua vida e
que queria ser chamado seu Filho. A este respeito, Santo Afonso Maria de
Ligório nos convida e refletir: (…) de que incêndio de amor não devia estar
abrasado o coração de José, ao considerar tudo isso e ao ver seu Senhor, que
lhe servia como oficial, ora abrindo e fechando a loja, ora ajudando-o a serrar
a madeira, ora manejando a plaina ou o machado, ora ajuntando os cavacos e
varrendo a casa; numa palavra, que lhe obedecia em tudo que lhe mandava, e não
fazia nada sem o consentimento daquele que considerava como seu pai.
Que
afetos não deviam ser despertados no coração de São José, quando tinha o Jesus
nos braços, o acariciava, ou recebia as carícias daquele doce Menino! “quando
escutava as palavras de vida eterna, que foram como outras tantas setas a
ferirem-lhe o coração! especialmente quando observava os santos exemplos de
todas as virtudes que o divino Menino lhe dava!”. A longa convivência de
pessoas que se amam mutuamente, muitas vezes resfria o amor com o passar do
tempo. Pois, quanto mais convivemos com as pessoas, mais descobrimos os
defeitos uns dos outros. Na Sagrada Família não foi assim, porque quanto mais
José convivia com Jesus, mais descobria a Sua santidade. Depois desta reflexão,
podemos imaginar o quanto José deve ter amado Jesus, durante os longos anos que
passou com Ele, desde o Seu nascimento em Belém, nos anos de escondimento no
Egito e na tranqüilidade de Nazaré (cf. Mt 2, 13-23).